A expectativa era de que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tomasse uma decisão, ontem, dia de 17 de outubro. Mas, na reunião do Conselho Diretor da Agência houve um pedido vista ao edital de licitação que irá autorizar os serviços de 5G. Ainda sem data para acontecer, a expectativa continua sendo que o edital se realize ainda ao longo de 2020.
Poucos eventos tecnológicos têm causado tanto frisson quanto o padrão de conexão de banda larga wireless: o 5G. E, neste momento, vale observar o ponto em que as coisas se encontram e, claro, suas possibilidades para o futuro. De qualquer maneira, não há exagero algum ao afirmar que surgirão inúmeras aplicações para essa nova e promissora tecnologia.
Há, porém, um grande desafio pela frente que demandará que Estado e iniciativa privada se mobilizem para que de fato a tecnologia avance no país. Esse também foi um dos temas largamente debatidos no IT Forum X, um dos principais eventos de tecnologia da América Latina, que acontecia em São Paulo, ao mesmo tempo em que o calendário das audiência públicas do 5G ficavam um pouco mais distantes de acontecer. Mas, o 5G vai acontecer no Brasil. Sem dúvidas.
Por hora, a característica mais cintilante é a velocidade da nova rede – cerca de dez vezes maior do que a disponível atualmente. Entretanto, por mais que os olhos brilhem diante de tantas perspetivas, nem tudo são flores e – as operadoras terão de ser rápidas para enfrentar uma série de empecilhos que, definitivamente podem causar atrasos e até mesmo inviabilizar a implantação da tecnologia 5G:
Além disso, as redes, além de antenas, necessitam de solução de ponta a ponta para que os dados possam ser transmitidos em grande velocidade. De acordo com a Consultoria Ovum, entretanto, as soluções em 5G estarão disponíveis ao consumidor em 2023 já que suas aplicações em missões críticas, assim como o fornecimento de jogos em nuvem, dependem de uma taxa de latência mais baixa. Que, no Brasil, não deve ser atingida nos primeiros anos.
Ainda assim, mesmo com tantos pontos a considerar sobre a implantação do 5G no país, o leilão que será realizado em 2020 trouxe à baila a disputa tecnológica entre Estados Unidos e China, cujo enredo possui todos os ingredientes para um excelente filme de espiões: roubo de dados, espionagem, ataques a estruturas críticas declarações bombásticas e um inacreditável lobby ao redor do mundo, realizado pelo presidente dos Estados Unidos da América em pessoa, para que a empresa chinesa Huawei seja excluída da disputa pela nova rede. Apesar da pressão do governo norte-americano, porém, a Huawei continua no páreo.
Mas o fato é que, em meio a tantas indagações a respeito da rede 5G no Brasil, não se pode perder de vista que tal tecnologia significa um grande salto para aplicações das mais variadas espécies – e, evidentemente, um gigantesco impulso para a transformação digital. E torna-se cristalino que, para todos os efeitos, perder o timing nesta era de grande disrupção significa enfraquecer a própria relevância no tabuleiro mundial – com todas as consequências provenientes de tal situação.